Durante muito tempo, filósofos e contadores de história do Ocidente tinham uma visão curiosa a respeito dos antípodas (pessoas e criaturas que vivem no ponto diametralmente oposto da Terra), imaginando que, “do lado de baixo do mundo”, as leis naturais seriam opostas às do “mundo de cima”. O desbravamento da Austrália e de outros países do hemisfério sul esclareceu muito as coisas, mas até hoje crianças do hemisfério norte ficam chocadas ao descobrir que habitantes da Antártida não vivem de cabeça para baixo.
Embora tenha alguma relação com a bizarra noção de que leis naturais variam conforme o hemisfério, a ideia de que a água gira (em uma pia ou vaso sanitário, por exemplo) para um lado no hemisfério norte e para outro no hemisfério sul também tem uma certa base científica: a força inercial de Coriolis.
Não se trata, exatamente, de uma força: é, na verdade, uma consequência do movimento de rotação da Terra, que faz com que furacões e tornados (ou seja, fenômenos de larga escala) girem no sentido horário no hemisfério sul e no sentido anti-horário no norte.
Quando se trata de fenômenos menores, porém, a conversa é outra: a força inercial de Coriolis é tão pequena que dificilmente afetaria a água de um vaso sanitário, de um tanque ou de uma pia, em que o formato do recipiente e a existência de resíduos exercem uma influência muito maior.
Mas não descarte Coriolis ainda: em 1962, o professor de engenharia mecânica Ascher H. Shapiro, junto com alguns colegas, usou um tanque circular com 1,8 m de diâmetro cheio de água (que havia passado 24 horas parada) para demonstrar que o efeito poderia, ainda que devagar e sem muita força, afetar a direção da drenagem na água.
No final das contas, o sentido em que a água de uma descarga corre depende muito mais de outros fatores do que do hemisfério em que você se encontra.
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